
Hoje foi um dia daqueles. Passar uma manhã inteira numa clínica esperando para fazer um exame é um dos maiores programas de índio da face da terra. E ainda mais: não ir ao trabalho e ficar na ânsia de saber quais os acontecimentos do dia. Vício de quem trabalha de frente para o computador e quase enlouquece quando não tem um por perto.
Fiquei praticamente dois dias na espera desse exame. Alguns sabem os motivos, mas espero que não será nada de tão grave, apesar da minha fértil imaginação de sempre ficar pensando que o pior vai acontecer. Mas, enfim. Noites mal dormidas e a companhia da televisão durante as madrugadas, enquanto ouvia na rua ao lado de casa, os poucos carros que circulavam pela cidade.
Algumas luzes de apartamentos acesas (acho que 'vampiros' como eu), cada um com seus motivos para deixar de lado o travesseiro e a cama e ficar a noite em claro. A dieta vai por água abaixo. Não sei por qual motivo, a fome ataca neste período. E não há fruta que possa saciar a gula.
O dia amanheceu e posso afirmar que apenas um cochilo de poucas horas foi o suficiente. Já eram 6 da manhã, o celular desperta, hora de tomar meu medicamento (problemas de tireóide atormentam). E aí, começa a jornada. Levantar, banho, vestir, pentear.. A única coisa que não consegui fazer foi me alimentar. Nada descia.
Noivo muda horário do trabalho para me acompanhar. Pois é, ainda não casou, mas tem mesmo que acompanhar. Em um ano, deveremos ouvir do padre aquilo que todos os casais ouvem: 'na alegria e na tristeza, na saúde e na doença'. A gente já começou a colocar isso em prática.
Ele me deixa na porta da clínica. Quando entro, um susto. Pensei que estava num hospital público e que dependia do Sistema Único de Saúde (SUS). Mas não era. A clínica é particular. Prefiro não citar o nome porque isso pouco importa. Até porque não existe hoje um hospital particular que o atendimento possa ser considerado exemplar.
Ao me dirigir a atendente e dizer o tipo do exame, para pegar uma senha de atendimento, ainda escuto: "vou ver se consigo lhe encaixar". Como??? Eu quase explodi. Um dia antes liguei e afirmaram que não precisava marcar exame, chego no local e escuto uma dessas. Com toda minha calma expliquei que teria que fazer exame, um pedido urgente da médica. E mais, já havia faltado um dia de trabalho. Ela me dá a senha.
Olho para a senha e mais um susto. Meu número: 538. Isso mesmo. Olho para o painel: ainda estavam no 500. Quer dizer, teria que esperar pelo menos 38 pessoas serem chamadas apenas para o protocolo inicial: pegar as autorizações dos planos de saúde para somente depois serem encaminhadas para os exames específicos.
A minha vez chega e isso já haviam se passado quase duas horas desde a minha chegada. Pensei que a saga já tinha acabado, mas percebi que hoje seria um dia de cão. A atendente não consegue pegar a minha autorização. Pelo menos contei com a boa vontade dela, que me encaminhou para a outra recepção e ficar na espera da médica.
A médica atrasou. E foi mais de uma hora. Deveria começar o atendimento às 10h, mas só chegou às 11h10. Mais espera. Ainda contava com nove pessoas que seriam atendidas antes de mim. O que fazer?? Esperar. E o noivo liga: "Já fez??". Coitado, mal sabia o que estava se passando na tal clínica particular.
Ele só pode esperar até as 12h, porque teria que estar no trabalho às 12h30. Quase morro de pena dele, que teve de ir trabalhar sem almoçar. Fiquei me sentindo culpada. Quando ele deixou o local, a médica chama pelo meu nome. Era a minha vez. Olhei no relógio e já eram 12h35. O exame foi rápido. Mas ainda me rendeu um prejuízo. Na hora de tirar o relógio do braço para colocar a bata... puff... o acessório cai no chão. Sinceramente, estava precisando de uma reza. rsrsrsr
Tudo finalizado, hora de ir pra casa. Cheguei morta, acabada. Fiquei imaginando que para as pessoas, como eu, que conseguem pagar um plano de saúde a situação já não é mais tão cômoda, como deve ser para aqueles que dependem dos órgãos públicos. Agradeço a Deus. Apesar da espera na clínica, do estresse, do dia praticamente perdido, tive o atendimento garantido e certeza de que em poucos dias terei o resultado em mãos.
Mas para a maioria da população o que existe são incertezas. O que fazer para mudar isso?? As eleições estão aí. Cada um tem o poder de mudar, votando com consciência.
É isso... Por hoje é só. E basta não é?? rsrsrrs.
Beijocas e xêro no coração de todosss.
Carpe Diem
Anna Cláudia Almeida